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As implicações da Inteligência Artificial no trabalho humano

 

O desenvolvimento tecnológico levanta ainda algumas questões sobre o papel do ser humano. Esta realidade torna-se mais gritante quando nos referimos à Inteligência Artificial, que continua a evoluir rapidamente. É significativo o número de postos de trabalho que a Inteligência Artificial poderá retirar, principalmente em funções que são facilmente automatizadas.

As implicações nas nossas carreiras são muitas, e devemos aprender a diferenciar-nos. Isto porque existem muitas tarefas que as máquinas fazem muito melhor de nós, seres humanos. A maioria das funções qualificadas segue o mesmo fluxo de trabalho – recolher informação, analisar a informação, interpretar resultados, determinar as ações a realizar e implementa-las. Os profissionais usam as suas capacidades de realizar as tarefas rotineiras rapidamente, a sua experiência para determinar as ações a realizar e ajudar os seus clientes nesse percurso. Porém, a Inteligência Artificial irá ultrapassar rapidamente as duas primeiras capacidades, o que irá alterar as competências imprescindíveis dos trabalhadores.

Naturalmente, há algum tempo que se adivinhava que estes sistemas tecnológicos teriam vantagem na recolha e análise de dados. Mas, esta vantagem passa ainda por conseguir evitar enviesamentos de experiência e/ou intrínsecos à condição humana.

Assim, de forma a manter a relevância, os profissionais devem debruçar-se sobre competências que a Inteligência Artificial terá problemas em replicar, como a compreensão, motivação e interação com seres humanos. Ou seja, uma máquina pode ser capaz de diagnosticar uma doença e até mesmo recomendar o melhor tratamento, mas caberá ao médico o papel de falar com o paciente, compreender a sua situação e ajudar a encontrar o melhor plano de tratamento. Desta forma, competências como a persuasão, a compreensão social, a empatia, serão cada vez mais diferenciadoras.

Para os gestores, a Inteligência Artificial apresenta boas notícias, sendo que existem 5 práticas para que sejam bem-sucedidos:

  • Deixar o papel administrativo para a Inteligência Artificial: os gestores ocupam cerca de metade do seu tempo em tarefas administrativas, de coordenação e controlo. Estas tarefas serão automatizadas graças à Inteligência Artificial, o que terá um impacto extremamente positivo;
  • Focar nas tarefas que exijam julgamento: os gestores devem usar os seus conhecimentos sobre a história e cultura organizacional, a empatia e ética para tomar decisões. A aplicação da experiência e conhecimento às decisões de negócio está na génese do discernimento humano, e corresponde a uma sensibilidade dificilmente adquirida pelas máquinas;
  • Tratar as Máquinas Inteligentes como “colegas”: ao encarar as máquinas como colegas e parceiras para o bom funcionamento do negócio e como um apoio à tomada de decisão, os gestores deixam de embarcar em atitudes movidas pelo medo que prejudicam a empresa;
  • Impulsionar a criatividade: a nível da criatividade é importante não só conseguir criar ideias novas, mas também construir a partir das ideias de terceiros, integrando opções e criando uma solução otimizada. A denominada criatividade colaborativa será sem dúvida um ponto de diferenciação no futuro;
  • Desenvolver as competências sociais e o networking: visto que as tarefas administrativas vão ser passadas às máquinas, os gestores devem desenvolver e impulsionar as suas competências humanas, como o networking, o coaching, a colaboração e a empatia.

Em suma, a Inteligência Artificial ganhará cada vez mais importância por se demonstrar mais barata, eficiente e imparcial do que os seres humanos. Contudo, ao contrário do que é esperado, isto não deve ser um motivo de preocupação para os trabalhadores e gestores – apenas significa que o seu trabalho e as competências mais relevantes irão alterar-se. Além disso, o trabalho irá ganhar mais significado, por focar-se em elementos que apenas os seres humanos podem fazer.

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