Burnout – As empresas devem ajudar, mas como?

O burnout não é uma nova realidade, mas veio agravar-se com os efeitos da pandemia. Incerteza do futuro profissional, maior stress generalizado no ambiente de trabalho, dificuldade em conciliar vida pessoal e profissional, são todos fatores que vieram contribuir para o agravamento dos sintomas do burnout nos colaboradores, em todos os setores.

 

Os profissionais na área do IT não estão imunes ao problema. Apesar de terem maior resiliência por estarem habituados a outros ritmos e dinâmicas de trabalho ou pelo facto de o setor sofrer menos com a crise pandémica alavancado pela necessidade da transformação digital, também estão sujeitos – como todos – às dificuldades do novo normal, sobretudo a nível pessoal.

 

Quais podem ser os indicadores de burnout?

 

 

A plataforma BurnoutIndex.org – que providencia uma análise individual do burnout de forma anónima – identifica quatro fatores principais para o burnout: exaustão e fadiga, cinismo em âmbito laboral, despersonalização (falta de empatia e crispação emocional) e falta de eficácia e produtividade.

A maioria das pessoas associa o Burnout com a exaustão, mas os outros indicadores são tão ou mais importantes porque afetam todo o ambiente de trabalho e resultados, para além de terem uma repercussão psicológica importante.

Se quiser fazer um Assessment sobre o seu próprio estado psicológico relativamente ao Burnout pode fazê-lo diretamente no site do BurnoutIndex.org

 

Como podem os colaboradores ser ajudados?

 

 

O burnout não tem culpa, mas tem causas. A culpa não é dos colaboradores e, em última instância também não é dos líderes, mas a causas devem ser mitigadas e a liderança deve intervir.

As causas podem advir de situações pessoais, mas o burnout associado à situação profissional vê a sua origem geralmente em triggers no âmbito profissional como um incremento no volume de trabalho, a falta de organização nos projetos, a falta de comunicação das equipas, deadlines apertados e irrealistas, equipas reduzidas etc.

Como pode então a liderança ajudar os seus colaboradores a evitar ou ultrapassar situações de burnout?

  • Aconselhar os colaboradores a tirar férias e licenças. Dar a oportunidade aos colaboradores de descansar tem efeitos evidentes, mas também passa a mensagem de que a sanidade das pessoas está acima de projetos que podem não ser tão urgentes assim.
  • Ajudar os colaboradores a redefinir prioridades. Criar um espaço de discussão. Quando estão assoberbados com trabalho, os colaboradores – mas também os managers – podem por vezes ter dificuldade em ver claramente quais são as prioridades. Ajudar a compreender as prioridades da empresa e dar especial enfoque às mais importantes contribui para que as pessoas possam organizar melhor o seu trabalho e sentir-se menos pressionadas com projetos que poderiam estar melhor organizados.
  • Compreender que a situação é extraordinária e difícil. Ter empatia com os colaboradores e evidenciar que a liderança sabe que a situação vivida é complicada é uma forma de mostrar que estamos todos no mesmo barco. Preocupar-se com o rendimento familiar, o futuro profissional, lidar com os filhos e com a sua progressão escolar é muito difícil. É necessária uma profunda, mas sobretudo genuína compreensão da parte das chefias e é preciso que essa preocupação passe para os colaboradores.
  • Conhecer a situação real dos seus colaboradores. É fundamental conhecer a realidade dos seus colaboradores e das suas equipas. Criar surveys para compreender como se sentem é uma ferramenta importante para poder identificar os problemas importantes que podem estar menos visíveis na sua empresa e sobretudo saber que ações tomar para os enfrentar e melhorar.
  • Tomas ações de saúde mental. Há vários tipos de ações neste âmbito. Podem ir desde formações e conferências internas sobre como encarar situações de burnout – com diversos graus – até promoção de ações psicológicas com profissionais da saúde que podem ajudar os colaboradores a ultrapassar situações mais severas de burnout. Promovê-las é sinal de que a liderança se preocupa, que conhece a realidade da situação e que está comprometida em resolvê-la pelo bem das pessoas e da empresa.

 

O burnout não é culpa da pessoa que se vê nesta condição psicológica e ninguém se deve sentir inibido em procurar ajuda – seja ela junto dos restantes colegas e chefias da sua empresa ou de profissionais da saúde.  O burnout é uma situação que pode acontecer a qualquer pessoa, não é sinal de fraqueza ou incompetência, e todos – mesmo a liderança – está sujeito a vivê-lo.