O open-space vem redefinir não só a disposição do espaço e da mobília nos escritórios, mas também a forma como trabalhamos. Em teoria, é uma estratégia que permite trabalhar de forma mais colaborativa, ser mais transparente e desenvolver relações entre colaboradores. Porém, cada vez mais vozes se unem para apontar as suas falhas.
Quais são os pontos a favor?
- Uma alternativa aos cubículos feios e impessoais, visto que atribuir a todos um escritório privado simplesmente não é viável, tanto a nível financeiro como espacial.
- Cria um ambiente propício à colaboração e ao desenvolvimento de relações interpessoais entre colaboradores: é muito mais fácil conhecer os colegas se os conseguirmos ver, ouvir as suas piadas ocasionais ou fazer planos espontâneos para o almoço. Também é mais fácil pedir opiniões sobre uma tarefa em curso, sem recorrer ao típico email, o que também dá asas à criatividade.
- Estebelece uma maior proximidade à chefia: o facto de estar mais próximo da equipa fisicamente, faz com que o líder esteja mais próximo figurativamente. Algumas empresas adotam esta estratégia, tentando afastar a figura intimidante das chefias alimentada em outros tempos.
Quais são os pontos contra?
- Não podemos (nem queremos) colaborar o dia inteiro: precisamos de tempo e espaço para pensar, para nos focarmos nas tarefas que temos em mão, sem a possibilidade de ser interrompidos a cada minuto. Naturalmente, começamos a construir as nossas barreiras – desde os fones com música à cara de “Não, não podes fazer-me uma pergunta agora” – que podem ser igualmente prejudiciais à produtividade e ao ânimo da equipa.
- Barulho, muito barulho: esta é talvez a queixa mais usual. Desde pessoas a falar ao telefone, equipas a discutir ideias num brainstorming intenso, música dos fones dos que tentam fugir da realidade do open-space, até mesmo pessoas a falar sozinhas… Tudo serve para aumentar os níveis de decibéis, e é ainda mais difícil de abstrair do ruído porque conhecemos as pessoas e reconhecemos as suas vozes.
- A saúde pode ser a maior prejudicada: alguns estudos sugerem que os trabalhadores do open-space têm mais dias de ausência devido a doenças, e também indicam que estes espaços têm uma relação clara com a pressão arterial alta, o stress, conflitos entre membros da equipa e uma taxa de turnover elevada.
Mas o open-space veio para ficar: o que podemos fazer?
- Fones, o nosso grande amor: uma barreira artificial, que ajuda a distanciar do barulho de fundo. Mas atenção ao impacto da música… O melhor é optar por música ambiente ou instrumentais.
- Repensar as interações com os outros: podemos tentar perceber através da postura da pessoa se está disponível para responder às nossas questões ou para discutir uma ideia. Podemos também esperar até ter vários tópicos, esperar que a pessoa faça uma pausa, enviar uma mensagem ou email para que respondam quando tiverem disponibilidade.
- Definir períodos de trabalho individual: algumas horas ou até mesmo um dia inteiro reservado no calendário para trabalhar sem interrupções. Reserve uma sala, e aproveite a calma para realizar todo o trabalho que exige mais concentração.
O open-space chegou para conquistar todos os espaços e empresas. Devemos esforçar-nos para encontrar as estratégias que melhor se adequem à nossa personalidade e forma de trabalhar, mas também à nossa equipa e à disposição do espaço.