As empresas portuguesas têm vindo a aumentar o seu investimento na tecnologia, embora de forma gradual. Com a comprovação da importância da tecnologia para o desenvolvimento e inovação, os entraves colocados ao investimento foram perdendo força e, atualmente, a maioria das empresas afirma estar a investir mais nas TIC, segundo a IDC.
Gabriel Coimbra, Diretor-Geral da IDC Portugal, transmite na sua entrevista para a Computer World que existe um foco acrescido na eficiência operacional – i.e., uma gestão que permite atingir os objetivos usando menos recursos, não implicando assim diminuir os investimentos, mas aplica-los de forma inteligente. Desta forma, os custos iniciais do investimento em tecnologia serão compensados pela poupança a longo-prazo dos restantes recursos.
Contudo, a realidade é que Portugal ainda está aquém quando comparado com outros países que começaram a investir nas TIC mais cedo. Estes países prepararam atempadamente as suas infraestruturas para a cloud computing, priorizaram a mobilidade e fomentaram o trabalho colaborativo – tudo isto há cerca de 5 anos, o que lhes permite estar atualmente focados em áreas como a IoT, robótica e realidade virtual. Estão um passo à frente a nível do desenvolvimento tecnológico e inovação, o que torna mais difícil para Portugal chegar ao mesmo patamar.
Para impulsionar este desenvolvimento em Portugal será necessária uma abordagem em 2 frentes: nas empresas e no Governo. As empresas precisam de aprender a agarrar as oportunidades, compreender os seus pontos fracos e investir rapidamente nas TIC. Necessitam ainda de criar um sistema que lhes permita gerir informação interna – dos processos aos colaboradores – e externa, de forma imediata e capaz de produzir insights relevantes.
Por sua vez, o Governo deverá trabalhar no sentido de proporcionar estabilidade a nível da Justiça, Saúde, Educação e segurança pública, de forma a criar um ambiente onde as empresas nacionais e estrangeiras prosperem. Outro ponto importante está na formação de pessoas qualificadas e a capacidade de atração de estrangeiros qualificados. Além disso, é crucial gerir a absorção de profissionais pelas grandes empresas internacionais que se estabelecem no território nacional, para que o impacto nas empresas portuguesas não seja tão profundo. Também a área legislativa deve acompanhar esta evolução, evitando a existência de zonas cinzentas.
Portanto, é visível que Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer no que toca ao desenvolvimento e adoção tecnológica. Os entraves impostos ao investimento falaram mais alto, principalmente em épocas de crise económica. Porém, estamos num período de transição e, de uma forma generalizada, já se começa a observar o aumento do investimento nas TIC, que tem tendência a continuar. Isto terá consequências positivas na eficiência operacional e no crescimento económico do país, por isso deve ser uma preocupação generalizada.